Reforma Protestante



A Igreja, Corpo Vivo de Cristo: o Humanismo Social de Calvino.


Logo no Capítulo 1º de seu livro "A Igreja, Corpo Vivo de Cristo", Ray Stedman refere: "Este livro trata da Igreja. Não da Igreja como ela é frequentemente conhecida, mas como originalmente foi e pode ser --- sim, tem de ser --- novamente."

E ressalta: "Apesar de suas numerosas fraquezas e de seus trágicos pecados, a Igreja tem sido através de todos os séculos, desde o seu inicio, a mais poderosa força em prol do bem, sobre a face da terra. Tem sido uma luz em meio a escuridão, o sal dentro da sociedade, retardando o alastramento da corrupção moral e dando sabor à vida humana".

Assim é o subtítulo dessa obra: "A Igreja no século vinte" (e XXI) recuperando toda a força do Cristianismo primitivo". Destaca o historiador Ernest Renan em "Os Apóstolos - Origens do Cristianismo" a questão social, a Igreja cumprindo a missão da misericórdia: O Cristianismo primitivo", refere Renan, "pode definir-se um heróico esforço contra o egoísmo, baseado na idéia de cada um ter direito ao necessário e de o supérfluo pertencer aos que não têm".

Magnífica proposta de desprendimento pelos bens materiais, fixando-se no necessário e no supérfluo, como os polos da vida terrena cristã.

Em "O Humanismo Social de Calvino", André Biéler transcreve "um texto do Reformador que parece resumir de maneira extraordinária seu pensamento econômico e social, pensamento que abriga a um tempo a preocupação pela pessoa e pela sociedade:

"É necessário começar por saber qual a atitude que o Senhor deseja que tenhamos diante dos bens materiais, quais os meios lícitos de ganhá-los e qual o seu uso adequado e legitimo.

Em 1º lugar, não devemos buscar os bens terrenos por cobiça. Que tanto o possuir como o não possuir sejam indiferentes e sem maior valor.

Em 2º lugar, trabalhemos honestamente para ganhar a vida. Recebamos os nossos recursos como vindos de Deus. Que o fruto do nosso trabalho seja o salário justo.

"A vontade de Deus é que haja tal analogia e igualdade entre nós", escreve Calvino, "que cada um socorra os indigentes na medida de suas possibilidades, a fim de que alguns não sofram necessidades enquanto outros têm em supérflua abundância".

Refere Biéler a atuação de Calvino com referência à questão social, aperfeiçoando "a instituição do hospital geral bem como o seguro médico, de velhice e de invalidez, para que essa assistência, organizada e dirigida, pelo Estado (mas exercida pelo ministério eclesiástico dos diáconos) não tivesse descriminações nacionais, provesse a assistência domiciliar e incluísse um serviço de medicina social.

No que concerne à doutrina do trabalho notamos que Calvino é, em relação com seus predecessores, um inovador. Aqueles, de acordo com as doutrinas cristãs medievais, faziam do trabalho um dever terreno, sem relação imediata com a fé e a vida espiritual; o dever derivava da ordem e da moral naturais.

Calvino, ao contrário, liga estreitamente o trabalho à vida cristã sublinhando que o Evangelho faz do trabalho nossa participação na obra de Deus. Confere, descarte ao labor humano dignidade e valor espiritual nãoconhecidos antes. Aí se encontra, por sua vez, "a condição básica para o justo salário. Calvino propõe o contrato de salário. Chega a imaginar até mesmo o contrato coletivo e recomenda a arbitragem diante dos tribunais".

Ressalta Biéler, afinal, a reconsideração de aspectos do humanismo social de Calvino para nosso tempo: "O papel do Diaconato e o uso do dinheiro em obras diaconais e de missão.

Um humanismo ecumênico, preservando a unidade de Igreja cristã, católica, apostólica e santa de todos os tempos.

E um humanismo universal: "O caráter universalista da fé cristã era decisivo para os membros da Igreja primitiva. Sua solidariedade com outros grupos humanos era subordinada à sua qualidade, de cidadãos do reino de Cristo.

E um humanismo universal: "O caráter universalista da fé cristã era decisivo para os membros da Igreja primitiva. Sua solidariedade com outros grupos humanos era subordinada à sua qualidade, de cidadãos do reino de Cristo.

Maria Garcia